Páginas

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O que move o mundo é o prazer ou a renúncia de tudo aquilo que é importante?








"O soldado vai para a guerra matar o inimigo? Não, vai morrer por seu país. A mulher gosta de mostrar ao marido o quanto está contente? Não, quer que ele veja o quanto ela se dedica, o quanto sofre para vê-lo feliz. O marido vai para o trabalho achando que encontrará a realização pessoal? Não, está dando seu suor e lágrimas pelo bem da família. E por aí vai: filhos que renunciam seus sonhos para alegrar os pais, pais que renunciam à vida para alegrar os filhos. Dor e sofrimento justificando aquilo que devia trazer apenas alegria: amor." Onze Minutos - Paulo Coelho.

Durante um profunda vontade de partir


Durante uma profunda vontade de partir


Vida, dama cruel
Sedutora, amante doce 
Antes tutora fosse!
Onda de amargo e viscoso mel

Parto de ti como cheguei

A alma sã, a mente vazia
Sem tristeza ou pranto de alegria

Zombando ao amar, rindo ao sofrer
                          

                                      [Quero tão simplesmente...]


Bruner Morais
Uberlândia/MG, 27/02/2002

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Resto é Fantasia!

"Calvero: Dor de cabeça?
Terry: Onde estou?
Calvero: Você está no meu quarto. Moro dois andares acima do seu.
Terry: O que aconteceu?
Calvero:  Bem, eu vim para casa esta noite e senti cheiro de gás vindo do seu quarto. Então arrombei a porta, chamei um médico e, juntos, trouxemos você para cá.
Terry: Por que não me deixou morrer?
Calvero: Qual a pressa? Está com dores? (Terry sacode a cabeça.) É só o que importa. O resto é fantasia. Foram necessários bilhões de anos para que a consciência humana evoluísse, e você quer acabar com ela? E o milagre de toda existência? É mais importante que qualquer coisa no universo inteiro. O que as estrelas são capazes de fazer? Nada, a não ser ficar girando em seus eixos. E o Sol, lançando labaredas de mais de trezentos megamilhares de quilômetros de altura - e daí? Desperdiçando todos os seus recursos naturais. Será que o Sol é capaz de pensar? Ele tem consciência? Não, mas você sim. (Terry adormeceu de novo e ronca alto.) Perdão, engano meu!"

Luzes da Ribalta (Limelight), de Charles Chaplin (que também faz o personagem Calvero)




"A astronomia é útil porque nos eleva acima de nós mesmos; é útil porque é grande, é útil porque é bela; isso é o que se precisa dizer. É ela que nos mostra o quanto o homem é pequeno no corpo e o quanto é grande no espírito, já que nesta imensidão resplandecente, onde seu corpo não passa de um ponto obscuro, sua inteligência pode abarcar inteira, e dela fluir a silenciosa harmonia. Atingimos assim a consciência de nossa força, e isso é uma coisa pela qual jamais pagaríamos caro demais, porque essa consciência nos torna mais fortes." O Valor da Ciência (1904), de Henri Poincaré.



Lembremo-nos sempre... Nós estamos além das estrelas e todos os deuses disputam nossa atenção... 

Possuímos em nós todo brilho do mundo, e nenhum fenômeno astronômico  por mais impressionante que seja, é comparável ao milagre que em cada um de nós se consubstancia.

O Milagre da Consciência da Vida!

Nós somos aqueles que definem o mundo, o universo...
O nosso caminho.

E o resto?

O Resto é Fantasia...


U.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Medo - Cinzel da Vida


Medo é a sensação de ver-se ameaçado, ter receio do que está por vir. Medo de cair, medo de subir, medo de ficar no mesmo lugar.

Medo de arriscar, medo do que está por vir, ou daquilo que está a nos alcançar.

É um sentimento que geralmente é associado  com o não agir, com o não mudar, com o não fazer. Muitas vezes, o medo é a grande razão pela qual nos mantemos dentro da chamada “zona de conforto”, onde nada existe a nos ameaçar, mas também onde nada nos ajuda a seguir em frente rumo a nossos sonhos.

Por isso muitos admiram aqueles que não temem, que são chamados de corajosos, impetuosos e valentes porque não tem medo da vida e se arriscam por aquilo que querem.

Mas, será que os valentes, os corajosos, realmente não tiveram, ou ainda têm, medo?

Afinal, o medo é aquilo que proporciona à pessoa um estado de alerta demonstrado pelo receio de fazer alguma coisa, um sentimento que mostra todos os perigos e resultados trágicos possíveis antes mesmo de se tentar.

E não é isso fenomenal? O medo nos ensina e, se pudermos usá-lo como sabedoria, como uma ferramenta, podemos nos antecipar àquilo que pode dar errado, planejando nossos passos mas sempre nos movendo à frente.

Coragem é agir com o medo a tiracolo. É ver tudo aquilo que pode ser ruim e acreditar, se preparar e se capacitar para superar esses obstáculos.

Vejo o medo como um cinzel, aquela ferramenta que possui numa extremidade uma lâmina de metal, e que é usada, dentre outras coisas, para cortar e moldar pedras, madeira, ferro, até hoje utilizada pelos escultores e artesãos para construir suas obras primas.

Mas o cinzel não é uma ferramenta que traz resultados satisfatórios quando utilizada sozinha. É necessário uma força aplicada sobre si, um golpe de martelo capaz de transformar matéria em arte, em beleza, em riqueza.

E esse golpe de martelo é um golpe de coragem. Juntos, medo e coragem, criam a fascinante história do sucesso, a grande aventura da vida. Aqueles que conseguem usar essa ferramenta são os verdadeiros valentes deste mundo. Não são simples inconsequentes que não temem a nada e caem em armadilhas que não esperavam e para as quais não se prepararam, mas bravos heróis que caminham em frente mesmo com seus medos a lhe mostrar o lado ruim do caminho, e usando disto para se guiar com firmeza e planejamento, rumo ao destino final, esculpindo seu destino como uma pedra preciosa, ou uma majestosa obra de arte.

Por isso, seja também um artesão de sua vida, de seus objetivos. Não rejeite seu medo. Aprenda com ele, escute o que ele lhe diz e, então, confiante e preparado para superar todas as barreiras que previra com ele, dê seu passo à frente, seu salto de fé. Crie sua lenda.


U.

Originalmente publicado em: http://www.fabriqueideias.com.br/2012/03/o-medo-cinzel-da-vida.html

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Sonho, o Tesouro e a Ponte

Assim diz uma história contada dentro da doutrina hassídica (que constitui uma divisão no interior da religião judaica ortodoxa):

“Eisik, filho de Jekel, recebeu num sonho a ordem de procurar um tesouro exatamente em baixo da ponte que em Praga leva pra o Castelo Real. Quando o sonho se repetiu pela terceira vez, Eisik finalmente decidiu peregrinar até Praga.



Contudo, Eisik logo pôde notar que havia guardas que vigiavam a ponte dia e noite, o que lhe minava a coragem para ir até lá e começar a cavar. Mesmo assim, a cada manhã que se seguia, ele comparecia à ponte, rodeando-a até a noite.

Finalmente, o comandante da guarda, percebendo aquele estranho comportamento, perguntou gentilmente se ele procurava alguma coisa ou esperava por alguém.

Eisik então contou sobre o seu sonho que o trouxera de tão longe, para os risos do comandante que apenas lhe replicou:

‘E aí, você, pobrezinho, com seus sapatos estragados, peregrinou até aqui só por causa de um sonho?  Pois bem, quem manda confiar em sonhos! Eu também teria que ter feito uma viagem dessa quando um sonho me mandou ir para Krakau, cavar um tesouro em baixo do fogão na casa de um judeu com nome Eisik, filho de Jekel. Eisik, filho de Jekel! Posso imaginar, cavando lá, onde uma metade dos judeus se chama Eisik e a outra Jekel, em todas as casas!’

E ele continuava rindo. Eisik, por sua vez, apenas o cumprimentou, retornou à sua casa, escavou o tesouro e construiu uma casa de oração que batizou de Reb Eisik Reb Jekels Schul.”


Nesse conto, podemos destacar duas mensagens importantes: A primeira, é que, como já diz o colóquio, o “Homem é do tamanho de seus Sonhos”. Eisik, com fé, esforço e dedicação, acreditou em seu sonho, no tesouro que confiara existir em um local tão distante.

Mas, uma breve análise poderia nos fazer questionar ‘Ora, ao final das contas, o tesouro de Eisik não estava naquela ponte em Praga, mas sim em sua própria casa!”.

Com certeza! Porém, será que também não havia um tesouro em Praga, destinado ao Capitão da Guarda?

Muitas vezes valorizamos excessivamente os resultados esperados. O sonho tem de realizar-se da exata forma com que imaginamos.

Aos primeiros sinais de dificuldade em nossa peregrinação, todavia, pensamos em desistir, concluindo que a vida não é como os sonhos, que nada que vemos dormindo pode se encarnar quando estamos acordados.

Esquecemo-nos, porém, da importância do caminho, e de como ele nos transforma, dando-nos saberia e informações que nos fazem, ainda que de forma diferente do “sonho perfeito”, atingir os mesmos resultados e, por que não dizer, até mesmo melhores que os resultados sonhados.

Como Eisik conseguiria o tesouro que encontrara em sua casa, não fosse por toda sua peregrinação até a distante Praga? Ora, o conto é claro ao nos mostrar que o caminho sempre é necessário, a luta, o esforço direcionado, pois, em verdade, foi apenas por desejar conseguir seu tesouro seguindo o caminho de seus sonhos foi que Eisik conseguiu a pista, a peça final para a conclusão de sua longa jornada, recompensando sua dedicação, crença e esforço com o tesouro prometido em suas visões guiadas pelas areias do sono.

E você? Está percorrendo o caminho em busca de seu tesouro? Ou não acredita em sonhos, pensando que seu lugar é eternamente parado em um posto de guarda em uma ponte qualquer da vida?

U.

Originalmente publicado em: http://www.fabriqueideias.com.br/2012/01/o-sonho-o-tesouro-e-ponte.html

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Trololó


Trololó

Sou moderno na derme
De demente mente mentirosa
Rosa de um jardim chinfrim
Que esconde onde está

Chá ralo. Galo sem Sol
Atol no meio d’um veio d’água
De mágoa. À procura da cura
Que traz a paz de lá.

De cá, caído. Vendido na vida
Voando na via do céu,
Ao léu. Apóstata que aposta
No indulto do inculto que nina

                                                                                                                     Uma pantomima de rima.

Bruner de Morais Miranda
Uberlândia/MG – 18/09/2012